quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Bonne nuit, vampire

Alex se acomodou no sofá e contou sua história. Começou dizendo o quanto tínhamos sido irreponsáveis na minha transformação e como tudo poderia ter dado errado de forma bem sinistra. Resmunguei um "a culpa seria só sua, uma vez que o papo de vamos-ser-vampiros-belos-e-fortes-e-despreocupados-confie-em-mim foi todo seu", ao que Alex soltou um "a idéia foi minha, mas a vontade e o pescoço foram seus". Depois de mais uma troca de farpas deixei que ele continuasse. De acordo com meu pobre amigo, ele ficou bastante assustado com minhas características e com minha falta de habilidade na vida vampírica. As quatro vampiras que o tinham transformado descobriram o que ele tinha feito comigo e ficaram uns dias observando, sem que nos déssemos conta. Depois de constatarem que algo estava errado, elas procuraram Alex e o repreenderam firmemente por sua falta de bom senso (nesse momento da narrativa Alex estremeceu; não pude deixar de pensar o que o "firmemente" significava) ao criar uma nova vampira sem nenhum preparo para isso. Elas pensaram em por um fim em mim, mas devido às minhas particularidades resolveram me deixar viva para ver aonde a história ia dar. De repente eu poderia ser útil (não sei o que minha capacidade de ruborizar poderia valer para elas, mas enfim... antes supostamente necessária do que firmemente transformada em um montinho de cinzas). Elas não me pareceram muito sensatas nessa parte. Sugeriram à Alex me deixar "vivendo às minhas próprias custas, para testar minhas habilidades". De acordo com elas, a falta de jeito, o rubor e a tolerância à comida humana poderiam ser apenas uma fase, e logo logo eu seria uma boa e normal vampirinha. Alex disse que se sentiu estranhamente impelido à acompanhá-las, mesmo que no fundo sentisse que não deveria me deixar sozinha. Fiz uma anotação mental desse comentário.
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Em Paris, a vida não poderia ser melhor. Caçadas, festas, noitadas. Alex tinha conhecido alguns vampiros excêntricos e ricos, alguns bastante apegados aos prazeres mundanos, outros quase monges. O cardápio de amigos das quatro vampiras era especialmente variado. Alex se encantou com uma vampira libanesa de nome Nagila e tinha passado alguns momentos bem interessantes com ela. O período em Paris também foi de educação. Alex aprendeu sobre a origem e as regras da vida na sociedade vampírica, aprendeu as leis que devem reger seu comportamento e principalmente a se manter incógnito entre os humanos. Contatos com eles deveriam ser breves e espaçados e o melhor mesmo era se fingir de morto...

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